Banalização da Medicina

Banalização da Medicina

Banalização da Medicina é o tema deste artigo do colega médico Fausto Stangler.
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O serviço prestado é sempre o mesmo, não importa quem é o profissional. Ou: a comoditização da Medicina.

O serviço médico é, por princípio, artesanal, e jamais poderia ser padronizado em sua execução. Padronizar o atendimento médico é equivalente a padronizar o artesanato, ou industrializar a produção artística.

Qual a diferença entre produto e serviço, e porque sua consulta médica deve sempre gerar uma experiência única para o seu cliente, além da proficiência técnica

Mas antes, permita-me perguntar: Quanto tempo dura a sua consulta médica?

Quantas consultas você atende em um turno?

Qual a sua produção médica mensal?

Quantos parafusos uma máquina mais moderna consegue fabricar por hora… por mês? Estas são perguntas normalmente feitas em ambiente de produção industrial…

Você é uma máquina? Ou apenas querem que você seja uma máquina?

Existe um conceito muito importante que é desconhecido da maioria de nós médicos, já que não consta nos programas de formação médica das nossas faculdades de Medicina.

É a diferença entre produto e serviço.

Mas é matéria básica já no início dos cursos das faculdades de Administração, cursadas por todos os gestores de convênios e de instituições de saúde do país. Mas que nós médicos desconhecemos…

Você sabe qual a diferença entre produtos e serviços?

Existe alguma confusão de conceitos quando falamos de consultas médicas, principalmente na prática moderna da Medicina, em que o mercado tende a ver a prestação de serviços médicos como produto.

Já falo sobre isso. Primeiro, aos conceitos básicos.

  • Em poucas palavras, produto é tudo aquilo que pode ser manufaturado (transformação de insumos)  com antecedência e guardado em estoque (com maior ou menor prazo de validade) para consumo futuro, e ser trocado se for o caso. Mais ou menos como um plano de saúde.
  • Já o serviço é intangível, ou seja, não existe antes de ser prestado, e deve obrigatoriamente ser prestado e consumido ao mesmo tempo. Isto também gera a necessidade da presença do cliente durante o serviço e a variabilidade intrínseca de cada serviço prestado, de forma que até pode ser reparado, mas jamais trocado. Como um cabeleireiro ou como uma consulta médica!

Por exemplo, uma fábrica de aços fabrica tesouras, revendidas por uma loja especializada para cabeleireiros. Mas o corte de cabelo é um serviço prestado pelo profissional. Nem a fábrica nem a loja vendem o corte de cabelo junto com a tesoura… Caso o façam, estarão transformando o serviço em produto (percebe alguma semelhança com convênios e serviços médicos?)

Um fabricante de esparadrapos e curativos fabrica os insumos utilizados durante uma consulta médica, que é essencialmente um serviço, mas não vende o curativo pronto.

No seu contexto, uma operadora de planos de saúde vende o seu serviço médico empacotado como um produto deles, percebe isso?

Obviamente, consultas e procedimentos médicos são serviços. E serviços altamente especializados, diga-se de passagem, com alto valor agregado.

Valor agregado é um novo capítulo que falamos em outro artigo: Leia mais sobre a diferença entre valor e preço em Medicina neste outro artigo

Veja como é a realidade hoje: um atendimento normal, ou comum, é feito com qualidade semelhante, em grande quantidade por diferentes profissionais, de forma que o cliente não percebe diferença entre o médico X ou Y ou Z, e o preço flutua unicamente em razão da oferta e da procura.

A sua consulta é igual à do seu colega. Daí os conceitos de produção em série, número de parafusos por hora e quantos pacientes atendidos por hora ou turno, não importa se você é médico ou máquina.

Veja que de um lado o governo e o mercado controlam o preço. Enquanto por outro lado os conselhos de classe controlam o serviço. Espremidos no meio estamos nós, os médicos!

O que temos ao fim são médicos espremidos pelos dois lados, em que o preço e o serviço são praticamente os mesmos, independente do profissional, de modo que a economia de escala se assemelha muito a uma produção fabril em série.

Tanto faz se o médico ou artista na linha de frente é você ou outro alguém. A pedra será esculpida com a mesma forma final, a obra de arte será pintada da mesma forma, a música será composta e executada exatamente da mesma forma, e a consulta terá o mesmo resultado: sempre pasteurizada e padronizada.

NOTA: A prática atual da Medicina, em que os preços são regulamentados pelo Governo ou pelos convênios e o limite do exercício da profissão é definido pelos conselhos de classe, apresenta restrições de variabilidade da atuação profissional. Em outras palavras, existe um mínimo que deve ser entregue ao cliente. E é inadmissível que devido a remunerações baixas se entregue menos que o mínimo durante uma consulta por exemplo, independente do preço que se receba.

O médico passa a ser percebido e valorizado pelo mercado (percepção de valor pelas pessoas em geral) como um produto. Mais do que isso, como uma commodity. Isso é chamado de commoditização dos serviços, é o oposto da diferenciação no mercado, da proposta única de valor.

Leia mais sobre proposta única de valor neste artigo

Aqui está a origem da banalização da Medicina! Escape desta armadilha usando as ferramentas de Gestão Inteligente.

Lembre-se sempre: Medicina é arte E ciência. E acima da arte, médicos cuidam da vida, e não de objetos ou emoções.

Entenda que, por definição (pesquise por commodity no Google), commodities são produtos de baixo valor agregado, de qualidade semelhante, produzidos em grande quantidade por diferentes produtores, cujo preço flutua unicamente em razão da oferta e da demanda, muitas vezes com uma cotação própria.

Por exemplo, café, soja e sal (branquinho, barato e em abundância no Brasil, como já afirmou há muito tempo um ex-governador do Nordeste a respeito de nós, médicos).

Você nota alguma semelhança com os serviços médicos em geral no Brasil? Na sua opinião, os serviços médicos são percebidos e tratados como serviços ou commodities?

Neste artigo você pode compreender os diferentes papéis de compra em uma prestação de serviço (nem sempre o cliente final é o comprador, que paga pelo serviço), e então você vai entender definitivamente porque as reivindicações médicas nunca serão atendidas

Tudo o mais constante: você está no mercado de commodities ou de serviços médicos? Sua consulta é uma commodity ou um serviço individualizado de alto valor agregado?

O fato é que o médico investe muito tempo e dedicação na sua formação técnica, e acaba sem tempo para investir na sua formação em gestão.

Ao final, termina sobrecarregado de trabalho em grande quantidade e com muito baixa lucratividade na sua profissão (que justamente é um dos motivos pelos quais você trabalha ainda mais),

A sociedade brasileira percebe a classe médica oferecendo grande abundância de consultas de qualidade semelhante e de baixo valor agregado por diferentes colegas.

Abundante, branquinho e barato como o sal, resumiu um ex-Governador do Nordeste, a respeito de nós médicos, expondo a dolorosa verdade

Entender e reverter este processo, e transformar uma commodity em um produto, um produto em um serviço e por fim um serviço em uma experiência única do consumidor requer primeiro uma mudança individual que passa pela proposta única de valor, diferenciação e posicionamento.

Neste artigo eu aprofundo o conceito de Proposta Única de Valor, o seu passaporte para a diferenciação profissional (leia antes dos seus colegas)

Como primeiro passo na direção correta de valorização da profissão, é necessário que os colegas médicos individualmente e como classe entendam e compreendam que existe uma tendência de commoditização da Medicina e que o primeiro passo para a mudança é a percepção da realidade como ela é. A mudança vem a reboque.

E esta mudança pode ser coletiva ou individual.

Fotomontagem sobre posicionamento de dois atores (tecnicamente ambos são competentes, mas com qual você consultaria?)

A mudança individual começa pelo seu posicionamento (o que os seus pacientes já falam sobre você que você ainda não sabe) e pela sua proposta de valor, que é justamente repetir em alto e bom som o que os seus pacientes já falam sobre você, e seus próximos futuros clientes ainda não sabem.

Leia mais sobre a proposta única de valor neste outro artigo.

Um forte abraço!

Programa Gestão Inteligente

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